Série de Textos: Psicoterapias
Texto 8:
Conhecendo algumas Abordagens de
Psicoterapia – Parte V
Descrevo nesse texto sobre o ultimo Grupo da classificação das Abordagens de Psicoterapias, o Grupo III :
PSICOTERAPIAS DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA
A Psicanálise surgiu na década de
1890, por Sigmund Freud, que introduziu a ideia de “cura pela fala”. O método
psicanalítico consiste na escuta da fala do paciente e interpretação das
vivências e comportamentos. É criado um ambiente propício, livre de críticas e
julgamentos, para que o paciente se sinta relaxado e seguro para expor tudo que
lhe venha à mente: experiências, sonhos, esperanças, desejos, fantasias. O
psicoterapeuta escuta e faz suas observações quando percebe o momento adequado
para que o paciente tome consciência dos conteúdos que precisam ser
esclarecidos.
O objetivo da Psicanálise é
descobrir as necessidades, traumas, complexos e tudo aquilo que está “preso” no
inconsciente dificultando o equilíbrio emocional, conscientizar o indivíduo dos
motivos de seus comportamentos e/ou sintomas, promovendo maior qualidade de
vida e compreensão de seus sentimentos e ações.
As abordagens psicanalíticas é uma
psicoterapia de percurso, na medida em que o acompanhamento psicoterapêutico
frequentemente se estende por vários anos e o psicoterapeuta acompanha a vida
da pessoa, semana após semana, podendo observar as dinâmicas do seu
funcionamento em múltiplas situações de vida e interações interpessoais.
Como funciona?
A Psicoterapia Psicanalítica é
uma talking therapy, isto é, uma terapia pela fala.
O paciente disponibiliza-se a
falar, de uma forma sincera e livre, sobre si próprio, sobre a sua situação de
vida, acontecimentos do dia-a-dia, experiências emocionais, memorias,
fantasias, história de vida, etc., e o terapeuta através do processo de escuta
ativa e empática tenta encontrar padrões reveladores do funcionamento psicológico
do paciente e interpretar esses mesmos padrões revelando-os ao paciente e dessa
forma ajudando-o a conhecer-se melhor, a conhecer melhor o seu inconsciente e
os seus mecanismos inconscientes. Para além deste trabalho de observação e
acompanhamento a par e passo, a própria relação psicoterapêutica e o seu estudo
feito em conjunto pelo par psicoterapeuta-paciente torna-se uma relação
transformadora e geradora de novos modelos que têm um efeito potencialmente terapêutico.
A Psicoterapia Psicanalítica faz
uso da transferência (fenómeno estudado por Freud, no qual, o paciente
transfere para o psicoterapeuta emoções, expectativas, sentimentos,
comportamentos, etc., que foram, em determinado período da vida, vividos com
pessoas significativas da sua vida, por exemplo, pai ou mãe) como forma de
projetar e recriar os conflitos psíquicos e os mecanismos defensivos
inconscientes. Transferidos esses sentimentos são identificados, desvelados e
analisados pelo psicoterapeuta. Progressivamente o paciente é levado a assumir
responsabilidade sobre o seu funcionamento psicológico. O terapeuta faz uso de
várias técnicas para atingir os seus objetivos terapêuticos, as principais são:
clarificação, confrontação, interpretação, analise e interpretação da
transferência e extra-transferenciais, sugestões, esclarecimentos, orientações
(pouco), aconselhamento (pouco), auto revelação (pouco).
Bom estudo!
Rodrigo Lupes
Psicólogo Clínico e
Psicoterapeuta